QUANDO SE FALA EM MESTRES do retrato, logo vem à mente a gloriosa galeria dos que focaram o indivíduo, como Richard Avedon, Philippe Halsman ou Irving Penn, entre tantos outros. Há também os que retrataram um povo ou país, como Robert Frank, Walker Evans ou August Sander.
Por circunstâncias em que se misturam talento, acaso e história, o africano Malick Sidibé é um espécime híbrido. A partir de um estúdio fincado no bairro mais antigo de Bamaco, a capital do Mali, ele retratou toda uma era, embora compactada num período relativamente curto – a de um país subitamente independente, a de um povo reassumindo a identidade e a de uma juventude tateando na euforia.
O Mali já foi berço orgulhoso de uma civilização antiga. Foi atacado, conquistado, abandonado e reconquistado inúmeras vezes ao longo da história. Após séculos de subjugação, os malineses e suas 26 etnias se habituaram a ser definidos por quem estivesse no comando de sua existência. Por último, o país foi colônia da França durante 80 anos, até tornar-se independente em 1960, no vendaval de descolonização que varreu a África no início daquela década.
Malick Sidibé tinha então 24 anos. Estava pronto para captar a euforia de sua geração e o orgulho mais
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